Quando lhe pedem para imaginar uma pessoa idosa, como você imaginaria a face dela? Como estaria o cabelo, pele e boca? Talvez com fios brancos e finos, rugas, nariz grande, com dentes mais amarelados e manchados, ou até mesmo sem alguns deles. Os assuntos envelhecimento e saúde bucal, principalmente no Brasil, são temas pouco abordados há anos e criou-se um pensamento geral de que quando ficamos velhos, é normal perdermos os dentes, mas isso não é nada normal.
De acordo com o último Censo, a expectativa de vida do brasileiro subiu 2,1 anos, passando para 75,5 anos. Ou seja, conforme as décadas avançam e tecnologias e inovações surgem para melhorar nossa qualidade de vida, mais tempo temos para viver.
Acontece que quando a pessoa está em uma determinada idade, principalmente quando jovem ou adulta, não pensa que um dia vai ter um dia 80, 90 anos. Tem consciência que terá a oportunidade de viver mais, mas a mente está no momento presente e o foco está em outras questões da vida, como o sucesso, e não na sua saúde bucal. Se analisarmos apenas esse item, o sucesso, vamos perceber que para que ele continue constante e fortalecido ao longo dos anos, precisamos envelhecer com saúde e aqui entra o impacto da saúde bucal. Já parou para pensar o quanto os dentes podem prejudicar a qualidade de vida e carreira ao longo dos anos quando não são bem cuidados?
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Realidade da Saúde Bucal dos Idosos
Nas rodas de conversa do dia a dia, quando os assuntos saúde bucal e qualidade dos dentes são debatidos, geralmente as pessoas focam na parte estética, o clareamento por exemplo, e não se preocupam com o que poderá acontecer lá na frente, quando forem mais velhas, se não tiverem uma estrutura dentária saudável, não somente bonita. Quando tiverem mais idade, com 65, 70, 80 anos, vão se questionar o que fizeram por si mesmas em relação a isso durante a vida.
Uma pesquisa divulgada pelo National Center for Health Statistics, mostra que conforme a idade avança, menor é a frequência de visita ao dentista pelos idosos:
- Entre 65 e 74 anos – taxa de 65,4%;
- Entre 75 e 84 anos – taxa de 63,6%;
- Entre 85 anos ou mais – taxa de 53,3%.
No Brasil, mais de 14 milhões de brasileiros, com mais de 18 anos, já perderam todos os dentes, segundo o IBGE de 2019. Isso reflete o quão precário é o conhecimento e investimento que o brasileiro possui em relação à saúde bucal. Um dos motivos que fazem com que tenhamos esse resultado hoje é o fato de que os tratamentos odontológicos realizados antigamente eram muito ruins, fazendo com que as pessoas tivessem uma condição bucal não favorável ao chegar na terceira idade.
Os procedimentos feitos deterioravam muito os dentes e a boca no geral, então muitos alcançaram a idade mais avançada sem os dentes e sem qualidade de vida, já que, quem tinha possibilidade, passava utilizar prótese, a qual nem sempre era adequada, gerando dor, desconforto e prejudicando o processo de mastigação. Com tanta evolução no mundo, maior acesso à informação e tecnologia na área da Odontologia, era de se esperar que o cenário no Brasil fosse totalmente outro hoje em dia, porém, a realidade dentária continua ruim.
Como dentista, o que mais tenho visto são pessoas chegando na terceira idade com um poder aquisitivo mais alto, porque elas trabalharam bastante por muito tempo, mas com a boca não saudável. A falha no processo está no foco da preocupação dos próprios profissionais da odontologia. Independente de ter ou não mais dinheiro para investir na saúde bucal, os dentistas, em sua maioria, não se preocupam com a estética do idoso e em promover ações de recuperação da estrutura dentária. Normalmente focam em ações paliativas, aquelas que melhoram ou aliviam o problema, mas não o resolvem. Se o problema não for resolvido, lá na frente irá retornar, podendo prejudicar ainda mais a saúde e qualidade de vida do idoso em diversos aspectos.
O impacto do envelhecimento na saúde bucal
Se queremos aproveitar o fato de estarmos vivendo mais, temos que ter saúde e ter saúde é ter dentes saudáveis. A estética não é importante? Também é, mas antes dela, é crucial que a estrutura dentária tenha qualidade e esteja adequada para não afetar o processo de mastigação, a estrutura da face e a autoestima do idoso.
Mastigação
A regra é simples: para nos alimentarmos bem, precisamos de ter uma mastigação eficiente. Isso significa que os nossos dentes posteriores devem estar saudáveis, pois são eles os responsáveis pela quebra correta dos alimentos ao mastigar, facilitando a digestão e absorção dos nutrientes pelo corpo. Se nosso organismo não absorve os nutrientes necessários, nossa saúde é prejudicada e, consequentemente, passamos a viver com desafios constantes e qualidade de vida inadequada.
Se na infância essa absorção de nutrientes é fundamental, para que a criança tenha um desenvolvimento inicial saudável, na terceira idade, a importância é a mesma. Quando um idoso possui dentes e uma estrutura dentária adequada, a mastigação torna-se eficiente, contribuindo para a saúde como um todo, auxiliando no processo de manutenção do peso e reduzindo o risco de determinadas doenças conectadas à má nutrição.
Estrutura da Face
Você lembra de como imaginou a pessoa da terceira idade no início deste artigo? Não sei se imaginou dessa forma, mas quando fui citando algumas características, uma das que mencionei foi o fato da maioria dos idosos ter nariz grande. Nem sempre eles são assim porque sempre tiveram o nariz maior. Isso, assim como o aspecto de “boca murcha”, pode ser reflexo e consequência da estrutura da face inadequada.
O envelhecimento, tratamentos inadequados, um processo ruim de mastigação e a perda de dentes são alguns dos fatores que podem modificar a estrutura dentária e assim a estrutura facial. Quando perde-se a altura da estrutura dentária, por exemplo, quando temos um lado da mandíbula mais curto que o outro, a tendência é do nariz ter o aspecto maior os idosos porque as medidas da face deixam de ser simétricas e para solucionar isso, temos que reajustar a Dimensão Vertical de Oclusão (DVO). Já quando há perda de dentes, por exemplo, há a possibilidade de haver uma reabsorção óssea, o que pode gerar a aparência envelhecida do rosto. Por isso, reforço aqui na rede, aos meus mentorados e aos meus clientes na Clínica Oceano Azul sobre a importância de ter uma saúde bucal adequada, com dentes íntegros e saudáveis, para que seja possível aproveitar o tempo presente e também os anos que ainda estão por vir sem prejudicar a estrutura facial.
Clique aqui para entender mais sobre a DVO.
Autoestima
Os idosos são indivíduos com mais anos de vida e assim como os jovens e adultos, continuam tendo autoestima, continuam querendo transmitir uma aparência boa. Muitos, inclusive, procuram estratégias para parecer mais jovens e não revelar a idade que possuem. Uma das ações que pode auxiliar na construção dessa boa aparência é o cuidado com os dentes, já que quanto mais saudável estão, mais bonito é o sorriso e mais jovial e viril é a imagem transmitida ao outro.
O sorriso saudável é símbolo de força e sucesso, principalmente na terceira idade, pois demonstra que a saúde bucal foi e continua sendo uma prioridade ao longo dos anos. O idoso teve autocuidado, disciplina e preocupação com o próprio bem-estar durante boa parte da vida, preservando e fortalecendo sua autoestima. Então, se algum dia encontrar alguém em idade mais avançada com sorriso no rosto, transmitindo orgulho pela aparência, parabenize-o/a pelo sucesso e por aproveitar a vida com alegria e entusiasmo.